segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pesquisa revela que Porto Velho é carente de educação patrimonial

Este seria um dos principais motivos para a atual situação de esquecimento do patrimônio histórico Madeira – Mamoré

A carência de educação patrimonial em Porto Velho é um dos principais motivos para atual situação de degradação e sucateamento que vem sofrendo a estrada de ferro Madeira Mamoré e o que revela a pesquisa de Elton Chaves, Adrielly Carvalho, Joanete Lemos, Cíntia Mourão e Aureni Ribeiro pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia – UNIR.


Para a pesquisa foram entrevistadas 50 pessoas de ambos os sexos no centro da cidade de Porto Velho que responderam se haviam estudado sobre patrimônio histórico na escola o resultado foi surpreendente a maioria 52% responderam que nunca haviam estudado.

Grande parte dos entrevistados no total de 46% não era natural do Estado o que também foi considerado que grandes partes destes migrantes não adotaram e não passaram para seus descendentes o valor da Estrada de Ferro Madeira Mamoré para a história e formação da cidade de Porto Velho o que também seria um dos fatores para o estado de profundo abandono.



De acordo com os pesquisadores esses resultados indicam que a educação patrimonial ainda é incipiente no Estado de Rondônia o que pode levar os porto-velhenses a uma possível desvalorização de sua cultura bem como de sua história. Uma das alternativas apontadas na pesquisa seriam mais políticas públicas de resgate da memória da comunidade local, pois a comunidade conhecendo sua história ira valoriza-lá e dificilmente patrimônios como a Estrada de Ferro Madeira Mamoré será alvo de vandalismo por alguém que conhece seu significado.






















Revitalização do complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré



O entorno do Complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré hoje se divide em varias bairros: o Caiari formado por casas da década de 1940, destinada aos ferroviários e de militares; o centro área comercial da cidade; a Estação, formada pelo pátio ferroviário e pelo Rio Madeira; Baixa União, bairro formado por habitações precárias tipo palafitas e igarapés transformados em esgotos e pela linha férrea – Candelária oito quilômetros de linha férrea que vai da Estação Central de Porto Velho à estação de Santo Antônio e pelo cemitério da Candelária.


O IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional de acordo com o inciso V do art. 21 do Decreto n° 5.040/04, de 07 de abril de 2004, considera: que o conjunto Histórico, Arquitetônico e Paisagístico da Estrada de Ferro Madeira - Mamoré (EFMM), formado pelo Pátio Ferroviário, as oito quilômetros de estrada de ferro que vai da Estação Central até a Estação de Santo Antônio, as Três Caixas d’água e o Cemitério de Candelária, na Cidade de Porto Velho-RO, em razão de possuírem um excepcional valor cultural, são monumentos integrantes do Patrimônio Cultural Brasileiro, na forma e para os fins do Decreto-Lei 25/37 e do Processo IPHAN n° 1220 -T-87: que é dever do poder público zelar pela integridade do referido bem, assim como de sua vizinhança. E o determina a lei publicada no Diário Oficial da União no dia 19 de julho de 2007.


A importância da valorização da estrada de ferro Madeira – Mamoré está em foco devido a recente notícia de revitalização do complexo. A importância da revitalização do complexo é clara no momento que se percebe seu profundo estado de abandono. Segundo o presidente da Instituição Iaripuna, professor Francisco da Chagas Silva, popularmente conhecido como Chiquinho, sobre a revitalização do complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, disse que na ditadura militar, principalmente a partir do ano de 1972, o complexo da Madeira - Mamoré ficou sob a responsabilidade dos militares, no caso sobre a Guarda do 5º BEC. Durante esse período houve uma grande depredação daquele patrimônio, inclusive o grande desaparecimento de peças da Estação de Porto Velho. Com isso, atualmente no museu de Porto Velho, encontra-se pouco mais de 400 peças, mas devido à restauração, o acervo encontra-se na Marinha em um local guardado de acesso restrito.

Quanto à atual situação, o professor Chiquinho, diz lamentar o abandono; porém falou do projeto de restauração. Segundo Chiquinho o projeto de restauração prevê entre suas obras: A restauração da ferrovia em 8 km que vão da estação de Porto Velho até Santo Antônio; Restauração do Complexo em Porto Velho; A construção de restaurantes temáticos; O renivelamento do pátio de manobras; Recuperação do meio ambiente em torno da Estação.

Quanto à função da Fundação Iaripuna, o professor falou que a fundação tem o papel de gerir o patrimônio, pensar o Espaço enquanto cultura. Quanto à restauração a responsabilidade é da SEMPLA, sob a fiscalização de engenheiros da SEMOB.

No que diz respeito à divisão do complexo entre a prefeitura e a marinha, o professor falou que a prefeitura fez um acordo com a Marinha, no qual a prefeitura ganhará a posse e administrará o complexo de Porto Velho por inteiro.

Visitantes da Estrada de Ferro também comentaram sobre a revitalização da Estrada de Ferro: “É preciso que ocorra a revitalização pois o atual estado é precário, divido aos descuidos do povo e dos representantes destes” comenta a professora Idê Seixas, “A situação da Madeira Mamoré está precária espero que com a revitalização melhore, pois assim teremos mais opções de lazer para a população local e para os turistas” diz Nilo Trindade visitante. O professor Dr. Edinaldo Bezerra da Universidade Federal de Rondônia disse que é importante que a revitalização mantenha o projeto inicial.

A revitalização do complexo está orçada em R$ 2.088.557,57 e faz parte segundo a SEMPLA do projeto de revitalização do centro já iniciada pela prefeitura de Porto Velho que prevê a integração e valorizarão dos edifícios e sítios de valor histórico e cultural ao restante da cidade.

BREVE HISTÓRICO DA ESTRADA DE FERRO MADEIRA MAMORÉ



A construção da ferrovia Madeira Mamoré pode ser considerada uma das obras mais ousadas construída na selva Amazônica no século XIX. A estrada de ferro surgiu como alternativa para transpor 20 cachoeiras ao longo dos rios Madeira e Mamoré, idéia que surgiu na Bolívia em 1846 e marcou relações diplomáticas entre os dois paises Brasil e Bolívia.

A construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré objetivava atender as necessidades de transporte de mercadorias e cargas principalmente borracha um dos principais produtos da época pelo trecho encachoeirado dos rios Madeira e Mamoré. Na sua obra trabalharam mais de 30.000 operários de diversas nacionalidades entre eles estão: ingleses, franceses, indianos, russos, alemães, portugueses além de brasileiros. Não se sabe o número ao certo mais calcula-se que cerca de 6.500 destes trabalhadores tenham morrido na ferrovia que ficou conhecida como “ferrovia do diabo”.

O final de sua construção coincide com o final do 1° ciclo da borracha que se deu devido à queda do preço do produto no mercado internacional retraindo também a economia amazônica. A Estrada de Ferro Madeira Mamoré então entrou em decadência. Foi nacionalizada em 1931 e desativada pelo 5° BEC por ordem do Ministério do Interior, em 10 de Julho de 1972. Na década de 80 no Governo de Jorge Teixeira alguns trechos são reativados para fins turísticos. Hoje algumas tentativas já foram feitas para reativar a velha “Maria Fumaça” como é conhecida popularmente à locomotiva, mas sem grande êxito.
fotos: Elton Chaves

2 comentários:

  1. Na verdade porto Velho ainda é carente em muitas coisas, a questão da educação patrimonial é deixada de lado,pode-se observar por exemplo no abandono da EFMM,o museu da estrada de ferro é totalmente esquecido, profissionais desqualificados, sem contar que boa parte da população porto velhense não está muito preocupado com o patrimônio histórico, acho que deveria haver mais consientização por parte dos órgãos competentes e até mesmo da sociedade no seu todo.

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  2. Muito bom o seu blog! Gostei muito mesmo!

    Parabéns!

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